Postado em 05/07/2018 | Compartilhar com


PERCENTUAL DE GRÃOS GRAÚDOS ESTÁ ABAIXO DO ESPERADO ATÉ AGORA 
Tem muito café ainda para chegar nas cooperativas e junto virá um carregamento de esperanças de que esses índices melhorem um pouco, em relação ao que se verificou até agora.



 

O volume de carga dos pés de café é de encher os olhos nesta safra. Confirmou-se a colheita tão esperada pelo mercado, cooperativas e produtores. A sequência de um ano de safra menor, como o que passou, veio em forma de abundância – fator característico da bienalidade da planta.

Mas apesar da beleza dos pés de café carregados, há algo a intrigar os técnicos e os próprios produtores que acompanham o dia a dia das lavouras: o porte dos grãos. Eles estão saudáveis, com aspecto bonito, mas menos graúdos do que se esperava ou pelo menos numa proporção inferior a desejada pelo mercado.

Aercio Ferreira, responsável pelo Departamento de Classificação e Qualidade dos cafés da Minasul, explica que até agora apenas 12% do volume da colheita dessa safra deu entrada na cooperativa. A produção ainda está sendo colhida ou passando por processos de secagem e beneficiamento nas próprias fazendas antes de serem encaminhadas à cooperativa, mas o que chegou está com um percentual de grãos peneira 17/18 (graúdos), de apenas 25%; ficando aquém da expectativa que girava em torno de, no mínimo 30%, por parte de dos produtores e do mercado em geral.

 

ÍNDICES AINDA PODEM MELHORAR

Com esse percentual menor de peneira 17/18 elevou-se o volume de café peneira 14/16, numa proporção inversa. No frigir dos ovos, isso reduz o volume de ganho final dos produtores, pois o café graúdo é cobiçado e mais bem pago pelo mercado. Um produtor que colheu mil sacas de cafés, por exemplo, e esperava, dentre esse volume, obter 300 sacas ou mais de café peneira 17/18, está ficando com um volume de apenas 240, 250 sacas. Já a proporção do “moquinha”, aquele grão pequenino e redondinho, típico das pontas de guias do cafeeiro, também aumentou nesta colheita, e também tem um valor menor.  No entanto, tem muito café ainda para chegar nas cooperativas e junto virá um carregamento de esperanças de que esses índices melhorem um pouco, em relação ao que se verificou até agora.

Aercio explica que o mercado analisa os cafés disponíveis para a venda sob três aspectos:  percentual de peneira graúda (tamanho do grão), aparência e bebida. “Tudo influencia na hora da venda”, lembra. Outro complicador de situação para o produtor que esperava um percentual maior de graúdos é que uma boa parte de suas colheitas já estão negociadas no Mercado Futuro, contando com um percentual bem acima do verificado de café peneira 17/18. Alguns produtores contavam com a proeza de obter até 35% de peneira. Num patamar que não tem passado dos 25%, eles precisarão de muito mais café para cumprir esses contratos.

 

CAUSAS PROVÁVEIS

A explicação para a diminuição do volume de grãos graúdos pode ter várias fatores, conforme explica o agrônomo da Minasul, Fabricio Freitas. “Entre as explicações se destacam a variedade, o equilíbrio nutricional da planta e o clima”. Outro ponto que precisa levar em consideração, de acordo com Fabrício, é que normalmente, em anos de safras altas - como o de 2018 - a média do tamanho dos grãos é menor quando comparado ao ano de safras baixas. “O regime pluviométrico dos últimos doze meses foi favorável à cultura do café, porém não é possível mensurar se o déficit hídrico ocorrido nos dois anos anteriores podem ter interferência no tamanho dos grãos da safra 2018/2019”, lembra.

Mesmo que este último ano tenha sido de chuvas dentro da média, é importante lembrar que as lavouras vêm saindo de um grande estresse hídrico, uma conta no vermelho, que se arrasta desde a grande estiagem de 2014. “A reposição daquele estresse líquido vem sendo saldada em prestações nos anos que se seguiram, mas é bem provável que ainda não seja uma dívida quitada ao todo. Ou seja, os cafezais ainda não vivem os seus melhores dias depois daquela prova de fogo”, concluiu o agrônomo.

Uma ou outra razão é mais que desafio para os agrônomos repensarem tratos culturais a serem dispensados às lavouras, que daqui a pouco estarão floridas novamente. Ao que tudo indica, os pés estarão a precisar de um amparo extra, não somente para segurar as próximas floradas, mas que de fato ajude o cafeeiro a sustenta-las e nutrir melhor a produção de grãos - que se espera mais robustos, no ano que vem.

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