Postado em 13/12/2022 | Compartilhar com


Minasul além do café: abacate é cultura de alto potencial econômico
Com denominação de Agroindustrial, a Cooperativa estimula a diversificação de culturas pelos associados. Estratégia é investir em HF


Minasul além do café: abacate é cultura de alto potencial econômico 

Com denominação de Agroindustrial, a Cooperativa estimula a diversificação de culturas pelos associados. Estratégia é investir em HF

 

 Ampliar as possibilidades de ganhos para o cooperado por meio da diversificação de culturas. Este é o modelo central do novo posicionamento de mercado da Minasul. Antes reconhecida como Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Varginha, a Minasul assumiu a identidade de Cooperativa Agroindustrial de Varginha. A estratégia vai muito além do café, e passa pela produção de hortifruti ou, simplesmente, HF. Dados da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), colocam o País como terceiro maior produtor mundial de frutas: são 41 milhões de toneladas. À nossa frente estão apenas China e Índia. O setor emprega seis milhões de pessoas, e tem muito a crescer. Uma das alternativas adotadas pela Minasul para escapar da monocultura do café é o abacate.

Atenta a novas possibilidades de diversificação, a Minasul promoveu um encontro sobre a cultura do abacate, em novembro, em Carmo da Cachoeira (MG). A iniciativa teve como parceiros a Yara, Mosaic Fertilizantes e Agrivalle. Participou, como convidado, o maior produtor da fruta na América Latina, junto com especialistas da Cooperativa e dos parceiros, para difundir conhecimento sobre a abacaticultura.

Rafael Siqueira, gerente comercial da Minasul, explica que, no Sul de Minas, usualmente se planta café, e a possibilidade de uma nova fonte de renda é o abacate. “A cultura é promissora por ter uma rentabilidade interessante e os processos são similares aos do café”, explica. Siqueira diz, ainda, que faltam capacitações e outras iniciativas de difusão da cultura da fruta. “A Minasul, pensando em estimular o cooperado a buscar outros segmentos, resolveu promover a entrega de conhecimentos sobre o cultivo do abacate no evento de Carmo da Cachoeira. A ideia é que as pessoas que já investem e aquelas que pretendem investir na atividade sejam mais assertivas”.

Henrique Doval, Técnico Agrícola da Minasul, lembra que uma das receitas para o fracasso é a monocultura porque, em caso de quebra muito forte, o produtor que depende exclusivamente dela enfrenta momentos muito ruins. “É fundamental diversificar. E o abacate traz essa possibilidade porque tem vantagens importantes em relação ao café e a outras culturas. Uma delas é a mão de obra mais fácil, um diferencial da fruticultura. A lucratividade do abacate também é maior, na comparação com o café e até com outras frutíferas”.

No encontro com os produtores, em novembro, a Minasul levou dados importantes sobre nutrição do abacateiro com NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), cálcio, magnésio, boro e zinco, dentre outros macro e micronutrientes essenciais para o abacateiro, além do controle da Gomose de Phytophthora, que pode inutilizar a planta.

Potencial e desafios

Para o Supervisor de Fertilizantes da Minasul, Kléber Pereira, a cultura do abacate traz novos desafios. “O potencial de mercado é muito grande e a Minasul, enxergando essa grande possibilidade de crescimento, organizou o evento de Carmo da Cachoeira. Foi possível esclarecer dúvidas e falar de novidades relacionadas a manejo, mercado, novas aberturas de área, conversando diretamente com produtores já atuantes e os iniciantes na cultura”. Kléber conclui afirmando que a Minasul está de portas abertas, ao lado do produtor. “Nossos parceiros oferecem os melhores produtos, com o melhor custo-benefício. Apostamos forte na cultura do abacate, e estamos junto do cooperado”.

O abacate vem conquistando mercados importantes no Brasil, mas ainda há muito espaço para crescer. O consumo por pessoa é baixo: apenas 301g/ano, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

            Há, também, qualidades pouco exploradas, inclusive propriedades nutracêuticas.

Em 2019, o “Brazilian Journal Of Food Technology” publicou o artigo “Como as indústrias de alimentos e farmacêuticas poderiam se beneficiar com os resíduos do abacate?”. Nele, as pesquisadoras Fabiana Sabadini Rezende Niglio e Silvia Pimentel Marconi Germer, sustentam que “utilizar as cascas e as sementes destes abacates, resíduos do processamento industrial, como fonte de antioxidantes, ou de compostos antimicrobianos, pode resultar na agregação de valor à cadeia produtiva.” E, ainda: “Os extratos dos resíduos do abacate são fontes de antioxidantes naturais e antibacterianos, e seu uso pode evitar a perda de qualidade, com consequente extensão da vida de prateleira dos produtos.”

            A CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) destaca que os produtores têm destinado os frutos não adequados ao mercado “in natura” justamente para essa nova linha de aproveitamento: a fabricação de outros produtos, como o azeite ou cosméticos, diversificando as linhas e gerando emprego e renda.

            Henrique Doval ressalta, no entanto, que a maior parte é usada como alimento e menos de 10% do abacate colhido é destinado à produção de sabonetes, cremes e outros cosméticos. “Vão para a produção de cosméticos aqueles frutos que a gente chama de ‘fundo’, ou seja, os que caíram no chão, ficaram com uma mancha, sem tamanho adequado e com aparência ruim para a gôndola”, explica.

Gastronomia

            Até 10 anos atrás, o abacate era sinônimo de vitamina com leite ou, no máximo, um sorvete. A fruta doce tinha pouca presença na gastronomia brasileira, porém, novas receitas criadas por chefs daqui e de fora e hábitos importados mudaram essa realidade. Um exemplo é o guacamole: o prato mexicano é muito apreciado pelos brasileiros, e ganhou preparações diferenciadas por aqui, com a adição de molhos, maionese e saladas.

            Doval cita, por exemplo, que especialmente os jovens vêm consumindo bastante o mousse e a pasta de abacate. São conhecidas, ainda, outras preparações, com os fatiados da polpa com alface, tomate, cebola, rúcula e temperos como pimenta e coentro.

Com “status” de superalimento, a fruta também rivaliza com o açaí entre os praticantes de atividades físicas e os adeptos de comidas mais saudáveis.

Mercado   

            O Técnico Agrícola da Minasul, Henrique Doval, observa que o valor de mercado é interessante. “O histórico de 2013 até os dias atuais tem girado em torno de R$ 2 a R$ 3 o quilo do abacate, em média. Naturalmente, há períodos de alta e de baixa. Há alguns anos, se conseguiu vender abacate a R$ 7, mas, no começo da safra, o preço chegou a R$ 1,50”. Segundo ele, o custo de produção está na ordem de R$ 10 mil a R$ 15 mil por hectare, e o investimento mínimo desde a implantação até a primeira produção grande da plantação, gira em torno de R$ 20 mil a R$ 30 mil/hectare.

            Atualmente, o Brasil é o sexto maior produtor mundial de abacate — com 3,2% da produção total –, mas o clima favorável e terras apropriadas podem melhorar a posição do País no ranking. Em 2020, a área plantada da cultura era de 16,4 mil hectares (IBGE). Do total produzido, apenas 2% foram destinados ao mercado interno; 98% tiveram como destino as exportações. A produção brasileira apresenta rendimento médio de 16.457 kg/hectare, e pode melhorar muito.

            Além de todas essas vantagens e do cenário altamente promissor, a Minasul aposta na difusão de conhecimentos sobre a cultura do abacate por conta do clima ameno com baixa umidade, predominante em sua área de atuação. Outra razão é que a fruta pode ser plantada em consórcio com espécies como o café, sendo um excepcional complemento de renda para o produtor.

Os principais mercados consumidores da fruta no Brasil são os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além do Nordeste.

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